
Ela estava tão solta, o vestido branco de renda simples era longo e suave, quase como um pedaço de nuvem num dia quente de primavera, ela amou a sensação de pisar na grama fresca e macia, caminhando "descalça pela vida".
Ouviu vozes alegres e misturadas, sorrisos puros e ardentemente apaixonados...
Mas de fato, o que mais a atraía ainda não estava diante de seus olhos.
Sua percepção havia sido arrebatada, mas num súbito momento de lucidez descobriu que fazia parte dali!
Enquanto percorria a cerca viva da videira, lugar escolhido com maravilhosa elegância para aquele momento, ela pensou em como a felicidade havia tomado novo conceito e forma. Perdida em seu sorriso que lhe apertava os olhos, encontrou a porta, a porta que dava entrada para o lugar.
Parou e mais uma vez seus olhos dançaram sobre as pessoas, algumas delas a cumprimentavam com um sutil movimento. Mais uma vez aspirou profundo aquele cheiro amadeirado inconfundível e que lhe remetia à eternidade...
Seus olhos caíram sobre o tapete de um branco puríssimo, tal qual a neve em seus momentos mais latentes, que contraste impressionante de cores...
Sentiu seu coração estremecer e percebeu seu olhar preso ao lugar de onde a música nascia.
Ele estava ali.
De costas, ela podia ver seus cabelos escuros que lhe davam um encanto único, contrastando com sua roupa despojada e incrivelmente perfeita! Ele sabia que estava sendo amado e correspondeu...virou-se lentamente e os seus olhos pousaram nos dela.
Qualquer palavra dita naquele momento seria como o rasgar de um quadro pintado à mão em total sensibilidade.
Enquanto o silêncio falava, ele caminhou devagar ao seu encontro, até o ponto de não haver mais nenhuma barreira entre eles, tomou a sua mão e a apertou contra o seu coração, tocou a sua face e uma explosão de saudade tomou conta do lugar, fazendo com que as árvores ao redor recebessem com devoção o vento norte.
Aquele momento era deles!
Nada nessa terra poderia descrevê-lo com exatidão, porque o amor é inexplicavelmente vivo.
Ele lhe apontou o altar, ela sabia que lhe pertencia...
Ele suspirou com dor, ela entendeu que precisava ir...
Lágrimas foram derramadas e o silêncio reinou tranquilo.
Ela desvencilhou-se de seus braços, olhou ao seu redor, as lágrimas agora beijavam livremente a sua face, enquanto ele, completamente tomado de paixão, acompanhava com os olhos os passos que a levavam.
Naquele momento ela soube, NUNCA mais seria a mesma!
Ele sabia, teria que renunciá-la dia após dia.
Ela fez o caminho de volta marcada pela presença ausente.
Desde então, ela anda pelas ruas a procurá-lo. Seus olhos caem em cada esquina e o saltar do coração pode ser ouvido pela esperança. Não consegue amar a mais ninguém daquela forma e nem encontrar aqui o seu pouso. Às vezes, quando o vento sopra, suas lembranças são tomadas pelo barulho e o perfume da dor, num balé solitário de arrebatamento e a certeza firmada de que...
o lugar a espera...
o barulho gostoso...
o tapete de neve...
e o amor do Único que poderá de fato fazê-la plena!
2 comentários:
Ultimamente ando meio bobo e derramo lágrimas facilmente. Não, não derramei lágrimas, mas meus olhos se encheram de água.
Simplesmente...sem palavras! Fez-me lembrar da música:
♪♫O Noivo vem, sim Ele vem para buscar a noiva, que adornada está preparada para subir aos céus...em glória!...Sim! Ele Vem!♫♪
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